Estou a tentar abstrair-me de ti o máximo que consigo, e isso é quase nada. Tento escrever sobre tudo e mais alguma coisa, mas és tu quem me invade a mente. Isto não é uma declaração de amor, é apenas uma declaração, ponto. Porque as declarações não têm de ser todas sobre amor, podem ser sobre tudo e mais alguma coisa.
Se eu te falasse, responder-me-ias? Se te pedisse que fosses completamente sincero comigo, serias? Se entrasse na tua cabeça, gostaria do que veria?
Deixa-me adivinhar, não me digas: estás tu, agora, chateado comigo, pela resposta torta que te dei. Põe-te no meu lugar um pouco, vamos trocar de papéis por cinco minutos. Não ficarias mal no meu lugar? Posso-te jurar a pés juntos, ainda estou um pouco de cabeça quente, sem saber o que fazer, mas juro-te que fiquei mais chateada pela falta de princípios que tiveste comigo. Aliás, até com a tua resposta fiquei chateada, mas nem a vou mencionar. Podias ter dito mil e uma coisas, mas aquilo que disseste em jeito de desculpa, nem o deverias ter pensado. Não quando houve tempo, disponibilidade. Em ti, houve apenas esquecimento. O esforço que disseste estar a fazer não me parece muito, não depois disto. E muito sinceramente, nem me interessa que fiques chateado com as minhas palavras, com a minha desconfiança, porque nem podes dar-te a esse luxo, tal como eu não me posso dar ao luxo de me queixar, de sentir ciúmes, porque tu não és meu, e eu não sou tua, é tão simples quanto isso.
Não, não venhas com coisas. Não me digas que gostas de mim, que queres mesmo estar comigo, porque eu não me fio em palavras, seja nas tuas ou nas de outrém. Palavras, leva-as o vento, nunca ouviste dizer? Quero acções. Atitudes. O esforço não vale de nada, não o que dizes estar a fazer, se não tem frutos.
Na verdade, até me espantas. Porque todos os teus actos só me levam a crer que, pronto, que não há aqui nada. Nunca houve sequer chance de haver algo. E espanta-me que simplesmente não termines todas as possibilidades de entrarmos em contacto um com o outro, porque podias fazê-lo. Aliás, entenderia, e provavelmente, até ficava melhor, não sei. Sempre é melhor ver que estás na boa, feliz, sem te importares, sei lá... Mas também, não me posso dar ao luxo de pensar sequer isto, não é verdade?
É tudo luxos que não posso ter. Porque não te tenho. E não tenho lata de chegar e perguntar, "desculpa lá, estás interessado em mim ou não? É que se não estás, então tem uma boa vida, gosto pouco de falsas esperanças.". Sim, se eu tivesse lata suficiente para ser assim tão directa, dir-te-ia isto. Mas não tenho, ou pelo menos estou convencida disso. Porque à medida que o tempo passa, que os segundos contam, que a minha frustração aumenta, sinto-me mais capaz de o fazer, acredita que sim. Agora, se fosse mesmo rebelde — como algumas colegas gostam de dizer — simplesmente fá-lo-ia. Deixava-te uma mensagem azeda, e tu que lidasses com ela da maneira que bem entendesses.
Sabes o que é que eu gostava mesmo que acontecesse? E Deus sabe que eu bem planeio e imagino tudo na minha cabeça. Era falares comigo, do nada, perguntares-me o que estou a fazer, e eu dizer-te que estava a escrever, tu a perguntares-me, "gostas de escrever? mostra lá um pouco disso", e eu mandar-te o link desta publicação. Agora, sinto que seria mel. Quando isso acontecesse, se isso acontecesse, das duas, uma: ou acobardava-me e mandava-te uma treta qualquer que tivesse escrito há tempos, ou mandava-te mesmo isto, e desatava a arrepiar-me de arrependimento, porque saberias da existência disto, de tudo o que alguma vez escrevi, e saberias tudo. E depois de saberes tudo, puff, magia. Desapareces, ou a tal coisa de quero estar contigo desaparece. Ou uma ou outra. E não desmintas, os homens não são todos iguais, mas acabam todos por fazer a mesma merda, assustam-se quando uma gaja demonstra qualquer tipo de sentimento. Já tive provas disso vezes suficientes. Por isso é que não sou mais sincera contigo, porque se fosse, lixava-me, pura e simplesmente lixava-me.
Nem sei porque é que me dou ao trabalho de escrever tudo isto. É incrível, a maneira como as pessoas se afectam umas às outras, ou não se afectam. Afectas-me bastante, e eu afecto-te zero. Para quê mentir? Para quê rodeios? Acredita, prefiro levar estas chapadas verdadeiras, do que levar com uma maior no futuro, andar a iludir-me só serve para me decepcionar ainda mais. Se já perdi a fé que tinha em mim, no mundo à minha volta, só iria ficar pior.
Tenho pena, sabes? Pensei mesmo que desta vez, as coisas fossem diferentes para mim. Pensei que desta vez tudo resultasse. Pensei que ficaria bem. Fizeste uma lista, e nessa lista, consta uma das piores coisas, uma pela qual estou a passar desnecessariamente, uma que eu desejava nunca ter passado, pelo menos desta vez. Aliás, dessa lista, pelo menos sete itens eu posso admitir que passo por eles, todos os dias penso em coisas que remetem a eles.
Escondo o que sinto. Gosto — ao invés do verbo amar — de alguém que — muito provavelmente — gosta/adora/ama outra pessoa. Preparo o coração para gostar de alguém — só para me iludir, mais uma vez. O amor certo na altura errada — talvez, no one can tell, até porque amor é uma palavra muito forte. Tento apaixonar-me outra vez — e fi-lo; nem sei o que dizer disto, se é erro, se não... Aceito que nunca esteve destinado — pelo aspecto da coisa, é isso, em cheio, mon ami. "E se", sem dúvida alguma. E se, e se...
Tudo o resto não se aplica a mim, graças aos céus, universo, Deus, Buddha, tanto faz. Não há sentimento que valha a pena trazer de volta, e mesmo que quisesse, isso não aconteceria, aconteceu demasiada merda para conseguir evitar esse tipo de coisas. Não esqueço os bons momentos, mesmo com os maus bem marcados na alma. Não estou em qualquer tipo de relacionamento de curta duração, portanto... Ya, continuando. E vou arriscar e dizer que não gosto demasiado de alguém porque, a muito custo, estou a conseguir evitá-lo.
Não sei se já reparaste, estou a escrever como se estivesses a ler atentamente cada palavra. Se, por algum acaso da vida ou por um acesso de estupidez minha, vires a ler isto, muito provavelmente não chegas até aqui, já escrevi bastante.
Mas é isso... Durante dois anos, evitei todo o tipo de aproximações que se revelassem sérias. Podia até falar bastante com alguém, mas evitava qualquer tipo de combinações, sempre evitei. E tinha de ser logo contigo que eu baixaria os meus muros. Obrigadinha por isso. Ao menos, podias ter valido o meu tempo, o meu esforço em ser mais directa e honesta, o meu sofrimento. Que esquisito, sofrer por algo que nunca chegou a ser alguma coisa, não concordas?
Continuo a ver se estás disponível, quase de cinco em cinco minutos, e nada. Não estás. Deves estar com a tua namorada. Pelo menos, é isso que faz sentido na minha cabeça. Desculpa lá não acreditar em ti, mas as coisas não encaixam. E eu tornei-me bastante desconfiada devido ao meu passado, e não consigo simplesmente acreditar à primeira coisa que me dizem. Não consigo ser assim, não consigo fechar os olhos, não consigo, que queres que faça? Tem paciência comigo, porque não te conheço assim tão bem, ao ponto de dizer, está bem, eu acredito em ti, e seguir como se nada fosse.
Agora veio-me um pensamento triste à cabeça. Nunca mais voltarás a falar comigo. Continuo a olhar para o telemóvel, na esperança de ver uma mensagem tua, quando sei que essa mensagem nunca chegará. Continuo até, feita estúpida, a olhar à minha volta, a ver todos os carros do parque de estacionamento, a ver todos os desconhecidos, com esperança de te ver no meu inferno pessoal, quando sei que isso nunca irá acontecer.
O pior de tudo? O pior de tudo não é saber que não haverá nada entre nós, nada de conotação romântica. O pior é saber que, na verdade, até éramos bons amigos, e não voltaremos a falar. Perdi um amigo. Perdi uma companhia com quem poderia ir fazer uma tatuagem — estou a rir-me, enquanto imagino o cenário impossível. E a chorar ao mesmo tempo, pela infelicidade de saber que esse cenário nunca sairá da minha cabeça.
É uma merda, imaginar montes de acontecimentos tão simples, como conversas, cafés amigáveis, apenas isso, tão simples, tão inocentes actos — e saber que nada disso se realizará. Essa é a maior merda.
E agora sim, acho que vou para a cama. Vou continuar a ouvir a mesma música deprimente que ando a ouvir há dias, a tentar ganhar forças para o dia seguinte, até adormecer. Vou ouvir esta música tão bonita e vou derramar umas poucas lágrimas antes de adormecer, sei disso, é um dado adquirido. Não te sintas mal, a culpa é minha, eu é que fui burra em deixar-me levar por uma mente tão inteligente e apelativa como a tua — porque foi por isso que me apaixonei, não foi pela tua beleza, não foi pelo que tens ou pelo que podes oferecer, foi mesmo pela tua mente, pela tua personalidade, por quem és. Por me teres cativado.
Um pequeno post scriptum: está bem, admito que depois de ter passado bastante tempo a falar contigo, admiti para mim própria que és bonito, não há como negar a tua beleza; e isso é pior, além de uma excelente mente, a tua beleza exterior... Enfim, já não importa. Não gostas de mim destas maneiras idiotas pelas quais gosto de ti, portanto... Caga nisso. Beijinho.
<3
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