Estou semi-deitada no sótão, com o rabo assente numa cadeira e os pés noutra, com o portátil no meu colo.
O meu irmão está a escrever mensagens incessantemente, e eu espero que esteja tudo bem, que não se passe nada de negativo que o leve a tremer a perna constantemente. De vez em quando lá se ri e sorri, mas nunca sabe...
A larga janela à minha frente monstra-me uma paisagem cinzenta, desfocada porque a chuva teima em deixar as suas pequenas marcas. Algures ao longe, alguém está a fazer uma fogueira no meio das árvores.
Eu já achava tudo isto demasiado verde no passado. Sou uma rapariga que cresceu no meio de prédios, no meio de uma multidão, e odeio isto.
Isto é uma pequena cidade no meio do nada. No meio de uma floresta imensa, viva, onde há de tudo um pouco. Isto é uma pequena cidade onde moram as poucas pessoas que realmente conheço, e as ainda mais poucas pessoas que amo, do fundo do coração. Isto acaba por ser o meu inferno pessoal, porque não tenho aqui todos os que me impelam a esforçar-me por mais um dia, dia após dia.
Eu já achava isto impossível de aturar, mas hoje é pior, por culpa da chuva, que teima em cair.
Maldita chuva.
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