Sonhei contigo.
Estavas diferente. É engraçado, como já passou um ano desde a última vez em que falámos, mas eu ainda sonho contigo, e sabe Deus quantas já não me enganei a escrever estas poucas frases ao relembrar aquele sonho tão normal.
O ambiente era óptimo, estávamos bem, a começar algo que realmente nunca começou, que, a meu ver, poderia ter começado, mas sejamos sinceros, algum de nós o quis? Deixa-me reformular, algum de nós se esforçou? Podíamos até querer que algo acontecesse, podíamos querer que os nossos sentimentos se enaltecessem, mas tal não aconteceu...
Não paro de pensar naquele sonho. Tem tantos elementos que me dizem que aquelas imagens não vão passar do meu inconsciente, e nunca eu quis que algo se tornasse realidade como aquele sonho. Desde a localização das coisas, dos estabelecimentos, dos teus hábitos ou dos meus... Tínhamos certamente trocado de hábitos, de alguma forma, o que me surpreendeu mesmo durante o sonho. Tenho impressão que deveria estar a sorrir enquanto sonhava com tudo aquilo.
Não havia nada de mal ou impróprio naquele sonho. Absolutamente nada. Estávamos a jantar, na casa onde eu sou tão feliz nas horas e dias que lá passo, num ambiente familiar. As pessoas à nossa volta notavam alguma coisa, na tua ausência faziam-me perguntas a teu respeito, é só um amigo, respondia eu, embaraçada. E foi aí que eu te encontrei, a sair da varanda com a mais maravilhosa vista dos meus olhos, onde me disseste o que tinhas estado a fazer às minhas escondidas, possivelmente sabendo que me surpreenderias se eu soubesse o teu novo hábito. Onde eu, num oh boquiaberto e audível, te puxei pelo braço e disse não, agora vou fumar e tu vens-me fazer companhia, e foi aí, na imagem esquisita onde eu me via a mim própria ser rodeada pelos teus braços, que eu acordei, ansiando por voltar a entregar-me à minha inconsciência para me certificar de que aquilo estava mesmo a acontecer — pelo menos na minha mente.
Sonhar acordada é totalmente diferente de se ter proporcionado um sonho no inconsciente. O sonhar acordado permite-nos alterar tudo, todas as circunstâncias, personagens, locais, acontecimentos, tudo, e não passa de uma imaginação muito fértil, que pode ser interrompida por um barulho, um toque, ou até mesmo pela perdição dos nossos pensamentos. Quando, por outro lado, nos é proporcionado um sonho do qual desfrutamos, é totalmente diferente, estamos submissos àquilo que o nosso subconsciente nos dá, temos de lidar com as imagens que nos são presenteadas, e por mais acções que possamos fazer dentro dos sonhos, não podemos alterar o decurso dos mesmos, o que torna o sonho inconsciente infinitas vezes melhor — é a sua magia da imprevisibilidade.
Só gostava de saber se ainda passo pela tua mente como tu passas pela minha, tantas vezes acordada, e na noite passada, adormecida...
Sem comentários:
Enviar um comentário